Grupo dedicado à protecção e libertação animal.

sábado, junho 25, 2005

O bom serviço público de televisão


A Dois, canal do serviço público de televisão, estreou o ano passado um programa inteiramente dedicado à tauromaquia intitulado “Arte e Emoção”.

Enquanto se espera que a evolução natural do Homem seja a abolição de todas as práticas arcaicas e violentas, o lobby das touradas impõem-se de novo, desta vez “mascarado” na programação dita cultural do segundo canal da RTP.

Na nova temporada de touradas, este programa faz apologia à tauromaquia enquanto arte e espectáculo enaltecendo mais uma vez o heroísmo dos cavaleiros, forcados, criadores e todos os demais intervenientes nesta degradante actividade que tem como único objectivo provocar dor e sofrimento a animais para alcançar o lucro.

Os temas de conversa são sempre os mesmos: a propaganda da virilidade e da “arte”, a exposição dos dramas ridículos que afectam estas “pobres” pessoas, a beleza do espectáculo onde todos aplaudem a violência e nunca, por uma única vez, se ouve falar no lado triste e degradante do touro e do cavalo que sofrem às mãos destes torturadores sádicos e gananciosos.
No 1ª canal da RTP, transmitem-se ainda as touradas que a estação promove, como a do último dia 22 de Junho com nova “dose” marcada para dia 24 de Julho na Póvoa de Varzim.

Sendo este um canal público num país supostamente democrático, é bastante grave, para além da questão do abuso descarado dos animais, que os impostos dos portugueses sejam gastos na promoção, divulgação e organização de eventos que beneficiam uma minoria abastada da sociedade portuguesa e que ainda por cima a deseduca e insensibiliza para o verdadeiro drama: o dos animais.

Com tamanhas afrontas à própria Declaração Universal dos Direitos dos Animais – ainda por cima por parte de um instrumento do governo – é somente natural que Portugal continue a ser um exemplo vergonhoso do que a Humanidade tem de pior e que nenhum animal, seja ele um touro ou um cão perdido nas ruas, tenha algum dia qualquer protecção eficaz e justa da Lei.

Enganem-se porém, os senhores que constituem a frente de apoio às touradas e os políticos insanos do nosso país, porque a massa activista em Portugal não irá baixar os braços e tudo fará para expor a barbárie que lhes alimenta os luxos e que continua a relegar a sociedade portuguesa para a idade média.

sábado, junho 11, 2005

Tourada: o espectáculo medieval


Apesar de Portugal ser um país em que a maioria da população é indiferente às touradas, as arenas continuam a encher e este espectáculo deplorável continua.
Esta forma de tortura e de completo desrespeito pelos animais é ainda vista como uma expressão cultural e como tradição, por uma minoria de indivíduos que lucram à conta da tourada ou que por ela nutrem um sentimento de fascínio sádico.

A indiferença com que o público encara as touradas acontece porque existe ignorância sobre a verdadeira natureza dos actos das pessoas que promovem essa barbárie como cultura. A realidade é bem diferente e perturbadora.

A ideia de virilidade e coragem dos toureiros e forcados, enraizada nas culturas latinas, na qual Portugal se inclui infelizmente, é totalmente falsa. Eis porquê:

Os touros enquanto jovens são constantemente objecto de treino dos toureiros e forcados sendo abusados inúmeras vezes para alimentar o espectáculo que os fará sofrer ainda mais no futuro. Os touros negros são escolhidos para as touradas pois o sangue é menos evidente na pelagem negra.

Quando adultos e à chegada à praça de touros, os animais são normalmente conduzidos à base de pauladas e espicaçados com objectos aguçados.

Os touros são enclausurados durante cerca de 48 horas num lugar completamente escuro, sem comida e sem água para os enfraquecer e para que fiquem desorientados e cegos por alguns minutos quando lhes é dado acesso à arena.

Algum tempo antes de serem soltos na arena, são sujeitos a maus-tratos variados. São espicaçados, agredidos com sacos de areia na cabeça, espetados com facas no dorso, injectados com drogas e as pontas dos chifres são cortadas a sangue-frio (muitas vezes dai resultando hemorragias graves) diminuindo ainda mais a capacidade que teriam de se defender.

Quando finalmente a sua hora chega; cego, aterrorizado, desorientado, drogado, ferido e fraco, é sujeito à tortura do cavaleiro que cobardemente, em cima de um cavalo que sofre as investidas desesperadas do touro, lhe espeta as bandarilhas, verdadeiros arpões que rasgam a carne do touro e o fazem perder litros de sangue e provocando-lhe febre debilitando-o ainda mais.

Como se esta tortura não fosse já mais do que evitável, chega a vez do toureio a pé. O bandarilheiro faz a sua dança cobarde enfrentando um touro visivelmente debilitado e cansado espetando-lhe mais ferros no dorso e agravando o estado do animal. No fim de mais esta cena deplorável em que a integridade física e a dignidade já foram retiradas a este animal, o touro terá cerca de 8 ferros espetados no dorso fazendo-o sangrar severamente.

A tortura não acabou ainda. O público sádico e bárbaro quer mais. Entram então em cena os forcados, tidos como os mais corajosos e viris de todos os intervenientes nesta prática medieval. Um grupo de 10 indivíduos brutaliza o touro gravemente debilitado, fraco e aterrorizado com pontapés, murros e com puxões constantes à cauda já para não falar das bandarilhas cravadas no dorso que continuam em movimento causando cada vez mais dor ao animal.
Por fim, os touros (normalmente 6) são recolhidos e amarrados e os preciosos ferros são arrancados a sangue frio do seu dorso com a ajuda de facas. Depois de horas de tortura excruciante, os animais são encaminhados para o matadouro onde agonizam normalmente, da noite de Sábado até à manhã da segunda-feira seguinte quando são abatidos muitas vezes sendo sangrados completamente conscientes enquanto as suas entranhas lhe são arrancadas. Assim termina a vida de um animal inocente que teve o azar de ser vítima da completa demência de indivíduos gravemente perturbados psicologicamente.

O cavalo é também uma vítima deste jogo desumano e cruel sofrendo com as tentativas de defesa do touro mas também com as esporas do cavaleiro que lhe rasgam a carne, expondo por vezes as costelas do animal e fazendo-o perder também uma quantidade considerável de sangue. No chão da arena, o sangue dos touros e dos cavalos mistura-se com a areia. Curiosamente, o homem que se diz corajoso neste espectáculo, escapa sempre incólume.

Esta é a tourada comum em Portugal mas há mais abusos cometidos contra estes animais em espectáculos semelhantes: garraiadas académicas, touradas de fogo, touradas à corda, largadas e corridas, sorte de varas e touros de morte. Muitas destas práticas violam descaradamente a Lei Portuguesa mas os infractores nunca são punidos. Em vez de progresso, o governo português adopta uma atitude retrógrada permitindo touradas de morte em Barrancos e deixando impunes as constantes violações da Lei que se verificaram nesse e noutros locais por anos a fio e que, apesar das inúmeras denuncias e lutas das associações de defesa dos animais, se continuam a verificar às claras, debaixo da mão permissiva e corrupta das forças de aplicação da lei, incluindo os tribunais.

A “Festa Brava” é uma tradição de origem religiosa e que se manteve ao longo de séculos por influência da Igreja que continua a esforçar-se por manter vivo este espectáculo típico de países do terceiro mundo. A Igreja Católica, que curiosamente ensina ideias de compaixão, promove este tipo de espectáculo.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro está envolvida nesta vergonha. A Santa Casa da Misericórdia é proprietária da maioria das praças de touros e marcas como a Portugal Telecom continuam a patrocinar estes eventos. A TVI e a RTP contribuem também vergonhosamente para a perpetuação desta atrocidade organizando ou patrocinando touradas. Como se não bastasse, as associações académicas de Coimbra e do Porto e também a Associação de Estudantes do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa (AEISA), entre outras, incutem nos seus alunos um sentido de irresponsabilidade e insensibilidade para com os animais, promovendo garraiadas em que touros e vacas jovens são abusados por uma multidão de alunos que a seu bel-prazer torturam os animais indefesos à semelhança das pegas.
O presidente Jorge Sampaio e a sua mulher, bem como outros políticos de influência fazem questão de dar o mau exemplo e marcar presença nos eventos tauromáquicos aplaudindo vigorosamente o espectáculo deplorável a que assistem.

Do outro lado, os defensores das touradas continuam a advogar o seu direito intocável a gostar do que querem. Pela lógica de tais afirmações, teríamos que deduzir que os pedófilos e os psicopatas devem ser livres de fazer o que bem entenderem porque têm direito a gostar do que gostam.
Há quem afirme que os touros nasceram para ser toureados e que nada sentem, que a sua genética os faz ultrapassar horas de tortura sem que sofram com isso, que são animais violentos e que atacam sem razão. Pura mentira. Estas são algumas das preciosidades regularmente proferidas por pessoas seriamente debilitadas mentalmente. Exemplo dessa “filosofia” em que o que conta é iludir o público, está registada na reportagem da SIC intitulada Vermelho e Negro de Junho de 2003.
Estas pessoas, pedem a protecção divina antes de entrar na arena como um ritual próprio de quem não tem inteligência para entender que quem precisa de protecção são os animais que a Lei lhes permite torturar.
Afirmam que os defensores dos animais são pessoas perturbadas e loucas por pedirem o fim da tortura bárbara e desnecessária mas, no entanto, não permitem às câmaras de televisão filmar cenas que eles consideram “impróprias para o público” por medo de que a realidade das suas acções seja exposta.

A tauromaquia é acima de tudo, e independentemente da sanidade mental dos que torturam e matam animais, um negócio que rende milhões a todos os intervenientes. É por essa razão que a tourada continua, porque do negócio lucrativo dos criadores até aos toureiros que chegam a lucrar 50.000€ por tourada, passando pelas instituições de solidariedade, Igreja, empresas, televisão e rádio, há sempre dinheiro para influenciar o poder politico e as autoridades. Este meio é constituído por pessoas abastadas que com o seu dinheiro gozam de influência e impunidade. Estes “intocáveis” são as pessoas que mais contribuem para o declínio da nossa nação e, pior, para a má-educação do público que é levado constantemente a acreditar que estes indivíduos são heróis quando nada mais são do que cobardes e corruptos que deviam ocupar o seu lugar atrás das grades.

Informe-se:
Movimento Anti-Touradas de Portugal
Campanha Touradas da LPDA
Secção Tauromaquia Associação ANIMAL

terça-feira, junho 07, 2005

Portugal a arder...outra vez

O ano passado, mais ou menos por esta altura, decidi escrever um artigo, em forma de desabafo, sobre o triste panorama dos incêndios florestais. Na altura sabia que este ano, o artigo poderia (infelizmente) ser aproveitado a 100% da mesma forma que o será por muitos anos até que algo mude realmente. Este ano é a polémica dos meios aéreos, para o ano a desculpa há-de ser outra.

As minhas desculpas pelo tamanho do artigo. Ainda assim muito fica por dizer.

Incêndios Florestais

Mais um ano, os mesmos problemas. Milhares de hectares somem-se debaixo de chamas e ninguém põe um travão nisto. É apenas uma questão de tempo até que não tenhamos verde para contemplar.
É muito triste ver esta história repetir-se, é muito triste ver como as pessoas que representam a autoridade e o país, simplesmente cruzam os braços à espera que a situação seja insustentável. O problema é que já o é, apenas ninguém parece perceber isso.
Muito se tem falado, muito se tem criticado, especialmente a postura do nosso governo e, na realidade não há mais ninguém a culpar ou não fossem estes senhores engravatados, responsáveis pelo território, pela sua riqueza natural e pelos seus cidadãos.
Porque tenho algumas coisas a dizer sobre esta problemática, decidi escrever este artigo.
Não sou de forma alguma, um profundo conhecedor das coisas que vou abordar, sou apenas um cidadão preocupado. Cabe a cada um pensar e tirar as próprias conclusões.

O que realmente importa

Antes de continuar, queria chamar a atenção aos que são realmente esquecidos nestas calamidades sem nunca terem tido culpa de nada. Os verdadeiros inocentes nestes crimes são as nossas florestas e os animais que delas fazem os seus lares. Todos os dias as televisões se centram na miséria dos velhinhos que ficam sem nada. Devo dizer que compreendo a mágoa e não desejo a sorte a ninguém mas mal ou bem são ajudados e o que os bombeiros tentam sempre salvar são as pessoas, aos animais da floresta ninguém acorre. As pessoas perdem tudo, mas esquecem-se que continuam vivas, outros não têm a mesma sorte, esses sim perdem tudo. Foi sempre este desrespeito, este esquecimento, que me indignou neste tema e continuará sempre a indignar, porque a Natureza é que está a ser destruída. Que se lixem os interesses do Homem, perdoem-me a expressão. Preferia mil vezes que ardessem as nossas cidades do que ver as coitadas criaturas selvagens padecerem do mal que é a ganância humana. Lembrem-se dos que realmente desaparecem graças à ignobilidade do Homem, porque a vida contínua para nós mas para esses acaba. A vida neste planeta já está mais do que fustigada precisamente por não considerarmos as dimensões destas calamidades e continuarmos a olhar para o umbigo da raça humana porque todos já ouviram os choros desesperados dos velhinhos mas nunca ninguém ouviu os sons de criaturas a serem consumidas pelo fogo. Só porque os animais não sentem, só porque os animais são inferiores…

Outras prioridades

A falta de meios é sempre a desculpa, é sempre a resposta directa e simples para a ineficácia no combate aos fogos florestais. Na verdade, existem falta de meios e os poucos que existem estão simplesmente obsoletos. Cheguei eu a ver, há alguns anos, em 93 quando aqui mesmo onde moro, na Figueira da Foz, os bombeiros, aflitos por controlar um fogo que consumiu quase por completo a serra da Boa-Viagem, acorrerem aos incêndios com pelo menos um carro que mais parecia saído de filme dos anos 20/30. Como é que isto é possível?
Resta-nos a eterna acusação: o estado continua a definir as suas prioridades de forma errada. Serão submarinos e equipamento militar mais importantes que as nossas florestas? Não. Curiosamente os nossos militares, que são 99% do tempo inúteis ao nosso pais e que só servem para defender interesses dos países ricos, não aparecem ao lado dos bombeiros a combater as chamas e são uma força de milhares de homens e mulheres que podiam pelo menos estar nas florestas a defendê-las, com armas se necessário, porque um dia vai ter de ser mesmo assim. Já ando a defender esta ideia há anos, mas quem sou eu senão uma voz perdida no nada? Fiquei feliz quando o presidente Jorge Sampaio há uns meses atrás, anunciou que o exército faria parte do esforço conjunto na prevenção. É preciso dizer mais? Tudo se repetiu, foi uma simples tentativa de acalmar os que mais temiam por mais uma temporada de incêndios florestais.
Tudo o que o estado procura é mostrar aos seus parceiros, uma fachada forte dizendo-lhes que este país é capaz de se manter entre os países desenvolvidos e, no entanto, perde a oportunidade de realmente defender as suas riquezas. Para quem viu as imagens de satélite da NASA tiradas durante os incêndios perceberá que Portugal estava em chamas mas Espanha estava imaculada. Porque será? São mais importantes os campeonatos de futebol e os estádios. Os milhões que foram esbanjados com o Euro 2004, poderiam ter reequipado, e treinado, os bombeiros de todo o país que teriam agora como fazer face a esta calamidade.

Combater as chamas

Os nossos bombeiros continuam a ser desprezados, continuam a estar desapoiados. O estado investe na defesa mas não na defesa das florestas e mesmo dos seus cidadãos no que toca a males bem mais presentes, a ameaças muito concretas como os incêndios e catástrofes naturais.
Estes homens e mulheres põem muitas vezes em perigo os seus empregos, as suas próprias vidas e os seus familiares para tentar pôr cobro a uma situação que está completamente descontrolada. Mas estes soldados da paz lutam todo o ano, ao contrário do que acontece nos quartéis militares, onde os nossos soldadinhos engordam à conta das suas posições tão “necessárias para a defesa nacional”.
O estado fecha os olhos às necessidades destes homens, os municípios idem, as empresas, claro. A boa vontade e investimento próprio de muitos deles é que mantêm a floresta minimamente defendida. Se não fosse assim, se estas pessoas virassem as costas aos outros e à floresta como fazem as autoridades, então viveríamos num deserto.
Quando é que estas pessoas começam a ser recompensadas pelo seu esforço? Ao menos dêem-lhes o equipamento que precisam porque todos sabemos que fazem este trabalho de bom grado e gratuitamente. Os jogadores de futebol recebem medalhas e são idolatrados não se sabe bem porquê. Quem realmente luta por um país melhor é esquecido.
Dêem um pouco mais de crédito a estas pessoas. Não se justifica que não sejam tratados como funcionários do estado, porque esta gente trabalha mais do que qualquer deputado alapado na Assembleia da Republica a ganhar milhares de euros por mês e depois nas suas reformas. Peguem nas reformas chorudas dos políticos e dêem-nas a quem precisa ou comprem novos veículos para os bombeiros, em 10 anos seríamos o país mais bem apetrechado no que toca a meios de socorro e combate a incêndios.
Mas o que interessa é mesmo o futebol não é?

Desperdiçar soluções

Das universidades portuguesas saem todos os anos, inúmeras inovações científicas apesar do fraco apoio governamental que nem apoia a investigação e nem defende a tecnologia portuguesa. São exemplo dessa politica, projectos de vigilância electrónica das florestas e protótipos de carros de combate a incêndios muito eficazes e avançados que passam ao lado do governo português mas que acabam implementados num dos tais países desenvolvidos como Portugal tanto quer ser. Muitas vezes as ideias são até roubadas por empresas estrangeiras só porque Portugal não se defende apesar de, ironicamente se apetrechar de equipamento bélico que não serve e nunca servirá os interesses dos portugueses. Perdem-se oportunidades de melhorar o problema de uma forma relativamente barata e eficaz e com tecnologia nacional. Todos ficavam a ganhar…menos os madeireiros e construtores.

Ao Serviço Nacional de Protecção Civil, são muitas vezes apresentadas soluções, tanto logísticas como tecnológicas que por alguma razão que o comum cidadão desconhece, nunca passam de propostas. Nem interessa já se são propostas que englobem tecnologia portuguesa, importa que sejam soluções e que os dinheiros continuem bloqueados e nada se faça. Estes senhores da Protecção Civil parecem não servir para mais nada a não ser emitir comunicados para as câmaras a dar-nos números. Nós não precisamos de estatísticas, precisamos de acção.

Burocracias e interesses

O que fazemos frente aos problemas, normalmente, é culpar o governo. Nós podemos culpar o sistema, podemos realmente, em algumas alturas da nossa vida, querer as cabeças destes senhores numa bandeja porque incrivelmente, para o bem, para o progresso, nunca levam a sua avante mas para as guerras e injustiças eles fazem-se notar.
Os senhores que nos governam, não são todos assim, porém. Os que realmente chegam e tentam resolver o problema, das duas, uma: ou se vêem a braços com papelada a preencher para os próximos 20 anos; ou se vêem a braços com poderes políticos que lhes castram as boas intenções e chegam mesmo a pôr as suas vidas em perigo e não, isto não vem dos filmes, acontece na realidade embora não tenhamos essa noção.
Podemos culpar o sistema porque é incrivelmente imperfeito, incapaz, injusto, porque muitos dos que dele fazem parte não deviam ter sequer direito a governar as suas famílias.
O que agrava toda esta imperfeição – sim, errar é humano – é a corrupção, os interesses económicos, a demasiada proximidade entre as empresas e o estado que, num ar de cumplicidade, vivem lado a lado numa simbiose que duvido ter um real impacto positivo para o país, tem sim beneficio para os senhores deputados, ministros e afins que decerto, muitas vezes vêem “gratificações” cair-lhes na conta bancária.
Quem alguma vez se deu ao trabalho de acompanhar uma votação na assembleia da república decerto terá reparado nos perigos de maiorias absolutas. É que, neste momento, a coligação PSD/CDS-PP tem quase ou mais deputados do que todos os outros partidos juntos e, normalmente todos se mantêm unidos invalidando a democracia, porque defendem-se os partidos e não as ideias. É neste estado que está o Estado, é assim que vamos sobrevivendo no meio de indecisões e de interesses duvidosos. O pobre do cidadão não tem voz activa, só estes senhores e senhoras é que têm oportunidade de fazer a diferença e não a fazem.
É este ambiente que facilita os interesses económicos de terceiros. Não se trata apenas do problema dos incêndios, tem a ver com todas as decisões que afectam o país e o mundo.

Os perigos para a floresta

A indústria madeireira precisa de madeira mais barata, precisa que a madeira de áreas protegidas seja libertada para que a possam cortar e as construtoras só precisam de terreno limpo pelas madeireiras para construir. Conveniente não é? São estas empresas que precisam de ser paradas, de ser investigadas a fundo, de controlo constante, de fiscalização insistente e, em muitos casos, de ser terminantemente impedidas de operar. Os responsáveis têm de sofrer penas fortes porque isto não devia ser encarado como um crime simples e pouco grave contra o país mas sim como um atentado à vida e contra o planeta e como um crime que, segundo os mais radicais merecia a pena de morte. Às vezes também só consigo pensar assim quando olho para a imensa devastação causada por esta gente. As empresas que operam na floresta devem ser obrigadas a contribuir para os bombeiros locais com meios de combate aos fogos florestais e devem ser obrigadas, mas realmente obrigadas a replantar. Deveria ser assim: querem tirar da floresta, têm de deixar algo para compensar. Não é só encher o bandulho, é preciso dar algo em troca.

Lembrem-se também dos inúmeros pirómanos que se divertem a pegar fogo às florestas. Não lhes saberá tão bem ver o seu trabalho no noticiário?
A comunicação social esforça-se por sensacionalizar como sempre, atribuindo dimensões épicas às suas reportagens. O melhor é que demonstrem menos a importância que dão aos que queimam a floresta. Não nos tapem os olhos obviamente mas informem o público com mais responsabilidade. Afinal estes psicóticos gostam de ser apreciados pelo que fazem, não lhes dêem essa alegria.

As causas meteorológicas, apesar de poderem ser apontadas, são normalmente uma simples forma de descartar responsabilidades porque na realidade, talvez 90% dos grandes incêndios sejam de origem criminosa. Mas ainda que fosse a única causa, haveria que investir na limpeza das matas e no seu ordenamento criando os tão desejados acessos que os bombeiros esmolam há décadas.

Consequências

Com tudo isto, ficamos com a nossa fauna e flora fragilizadas, com a nossa riqueza natural destruída. Os animais só têm uma forma de sobreviver e é mudando-se para as povoações vizinhas causando transtornos e mais uma catástrofe ambiental pois os habitantes vão eliminar esta ameaça. Entre as cidades, vilas e aldeias fica então um imenso deserto, não só físico mas também no coração dos que sempre viveram ligados à floresta, à natureza que sempre tiveram ali perto para contemplar. Mas isto não é o pior.
Depois dos incêndios vêm os abutres que cortam as árvores queimadas deixando os terrenos mais baixos preparados para, na próxima chuvada, levarem com derrocadas em cima matando pessoas e animais e causando milhões de euros de prejuízo.
Mesmo a nível meteorológico, os ventos aumentam causando a erosão dos terrenos mas não só. Espaço livre para o vento ganhar força é uma maneira de criar pequenos tornados que acabam por criar mais problemas.
Ninguém pensa na real dimensão do que são os atentados contra a floresta. Todos conseguimos respirar por enquanto mas cada vez pior. Andamos todos muito preocupados com o nosso umbigo.

Conclusões

Resta-nos esperar por alguém no governo que tenha algum bom senso e coragem para fazer mudar as coisas de uma forma muito radical. É preciso também que as pessoas deixem de ser ignorantes e percebam realmente quais as forças que estão em jogo e o que está em perigo.
Enquanto as atitudes permanecerem as mesmas nada vai mudar. Tudo roda em torno da economia e as coisas só se fazem se forem viáveis. Mas o futuro deste planeta deve ser preservado a qualquer custo. Aqueles que não compreendem agora, o que isto significa, verão daqui a alguns anos, o verdadeiro sentido destas palavras.
Até lá vamos todos tentar ao menos mudar as nossas formas de olhar para o mundo como nossa propriedade mas sim como o lar em que vivemos, deixemos de nos preocupar tanto com o impacto que certos eventos têm sobre a raça humana mas sim com o impacto que têm sobre toda a Natureza. Quando começarmos realmente a perceber este simples conceito talvez comece a notar-se alguma diferença. Por enquanto resta esperar por melhores dias.

segunda-feira, junho 06, 2005

Diga NÃO aos circos com animais



A associação ANIMAL está a levar a cabo uma campanha de sensibilização que visa a proibição dos circos com animais em Portugal.

O GLA pede a todas as pessoas que tenham conhecimento do paradeiro de circos com animais, que contactem a associação ANIMAL o mais rápido possível.

Deve enviar um e-mail para miguel.moutinho@animal.org.pt indicando o nome do circo, a sua localização e, se possível, a localidade por onde irão passar de seguida.

Por favor ajude a acabar com esta tortura.


Para perceber a razão desta luta informe-se:
http://animal.org.pt/bo/conteudos/index.php?categoria_id=71
http://www.animaldefense.com/Circus.html
http://www.circuses.com/
http://www.pea.org.br/crueldade/circos/index.htm

Artigo relacionado:
Circo dos horrores
Petição europeia contra o uso de animais em circos

 
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